A Leitura e Escrita em Contexto Familiar






Como já referi, em muito pequena passava grandes temporadas longe dos meus pais, entregue principalmente à guarda da minha avó materna. Os meios de comunicação eram quase inexistentes, e embora já houvesse telefones, eram muito pouco usados. Talvez por isso, nessa época escrevia-se muito, principalmente postais ilustrados.

Também havia o hábito de tudo guardar, e é assim que muitas vezes eu me entretinha a ver os postais, a brincar com eles, a “classificá-los” pelos assuntos que as suas imagens me sugeriam, a pedir para os relerem, ou então, de tanto os manusear, a saber “ler” o seu conteúdo (aqui o ler aparece entre aspas, porque não era uma verdadeira leitura).

Para além dos postais, havia também os livros infantis e os livros de adultos, que sem sombra de dúvida eram os meus preferidos.


A Descoberta do Nome

O livro cuja capa apresento seguidamente, intitulado "Santa Teresa do Menino Jesus" era um dos meus favoritos. Impressionavam-me muito as imagens, que achava de uma grande beleza. (Sempre tive um certo pendor místico!)




Nesse livro, a minha imagem preferida, era sem dúvida a da “Teresinha descobrindo no céu a inicial do seu nome”




Noites e noites a lutar contra o sono olhando as estrelas. Como eu gostaria de ter também o A de Ana escrito no Céu, mas infelizmente isso nunca aconteceu.


O que aconteceu, isso sim, foi que muito rapidamente, julgo que por influência dos postais ilustrados, aprendi a reconhecer o meu nome escrito nas suas diversas formas – Ana, Anita ou Ana Maria.
A reconhecer o nome e também, bem cedo a escrevê-lo, como se pode ver neste postal, em que uma prima escreve:





Entrando agora na análise dos postais ilustrados, podemos verificar que eles eram um precioso instrumento de veicular algumas das preocupações e anseios da família:


- A Preocupação com a aprendizagem da escrita;
- A Preocupação com a falta de apetite;
- A Preocupação com o comportamento adequado a uma menina;
- A Preocupação com a aprendizagem para “dona de casa”.





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