Para Acabar

A vantagem deste tipo de histórias, é que acabam quando o autor decide:
- Acabou, ponto final.

 E esta acaba aqui.

Foi com a consciência presente do passado, que seleccionei os documentos que estão neste escrito. Escrito que eu pretendia sobre a Aprendizagem da Escrita e da Leitura, mas por onde, aqui e ali, também passa, em linhas muito gerais, um pouco da “História da Educação”, e das mudanças que foram ocorrendo ao longo do meu percurso profissional.

Essas transformações, são fruto de um natural crescimento pessoal, das influências teóricas sobre a aprendizagem da escrita e da leitura, que tal como acontece em todas as áreas do saber, também evoluíram.

Mas, mais do que a teoria, tenho a certeza que essa mudança nunca poderia ter acontecido se estivesse sozinha, isolada na minha sala. Foi com as colegas, em grupo, na tentativa constante de teorizar as nossas práticas, e de lhes dar sentido social, que isso se pode verificar.

É um escrito desigual, quer na forma, quer no conteúdo.
Para os possíveis leitores, os capítulos mais interessantes, serão talvez aqueles que referem a aprendizagem feita em contexto familiar e o da escola primária. Pois, podem ser encarados como uma ida ao museu. Museu, onde as pessoas da minha geração encontram documentos com que se identificam, (daí algum encanto).

Há depois um longo relato da minha vida profissional, se calhar demasiado técnico para quem não é profissional da educação.

Também não falo dos outros níveis de ensino, como evoluíram ou não na actualidade. Não passei por eles como profissional. Deles só sei o que vi fazer aos meus colegas do 1º ciclo, e do que ouvi em relatos do que alguns colegas do 2º e 3º ciclo iam tentando para mudar alguma coisa...

Nesta história, aconteceram mudanças de ambiente familiar, social e político.

Assistimos à queda de um regime, alegrámo-nos com o 25 de Abril, brindámos à mudança do século.

E como refere Pacheco Pereira, numa das suas crónicas no Jornal Público:

“ (…) À nossa frente, diante dos nossos olhos, vários objectos que tomamos por indissociáveis do «nosso mundo» desaparecem, uns lenta, outros rapidamente, de um dia para o outro.

Já vi desaparecer a máquina de escrever, os copiógrafos, a tipografia a chumbo, os selos de correio, o rolo de fotografias, o gravador de fita, as disquetes, o telex, o fax, o vídeo, etc., etc. Olhando à nossa volta, outros objectos estão também a ir-se embora (…) brevemente os CD de música irão juntar-se aos vídeos em VHS, aos discos em vinil, e a prazo os DVD irão fazer-lhe companhia. O dinheiro pouco a pouco é substituído pelos cartões e todos os cartões convergem para um só (...) ”.

Mudou tudo nesta nossa sociedade.

No entanto, vendo os meus alunos do Curso de Educação e Formação, e o estado em que os encontrei, não posso deixar de relembrar a questão inicial:
- O que mudou na escola e no ensino?
Se calhar muito pouco, e aí talvez resida o problema.
De uma escola só para alguns, passámos a uma escola massificada…
Será que a escola, os professores/educadores souberam lidar com estes problemas?

Se calhar não, pois como nos diz Sérgio Niza “O que sobressai é a pobreza com que continuamos a viver, hoje como no passado, a iniciação à escrita da língua do povo que somos. É sempre o obstinado uso dos métodos sintéticos ou fonéticos atravessando os anos e estendendo-se muito para além do aceitável, até ao presente. Não é só o domínio dos manuais, confundidos com métodos de ensino e de aprendizagem, mas é ainda a falta de alternativas para a organização das práticas pedagógicas e a preocupante situação da formação dos professores para o ensino da escrita e da leitura”:

Acho que queria acabar este longo relato com uma descrição levezinha e bem disposta, como aqui foi hábito, pensei, pensei e só posso aqui deixar em jeito de despedida alguns pedacinhos da "escrita de uma avó e um avô que estão longe dos netos".


              Um livro em tamanho reduzido, que foi dado aos amigos que foram à festa de anos.
                                           (Reconto de uma lenga lenga tradicional) 


  


                                                                      (...)
                                                          (...)
                   



                                                                   (...)


E houve cartas, bastantes cartas, que como todas as cartas de amor são um bocadinho ridículas...

 

    E há recordações de férias em forma de história ilustrada com fotografias:


                            (...)
E há mais histórias verdadeiras! 

Se calhar com outros meios, são um bocadinho parecidas 
com os álbuns e jornais que se faziam no Jardim de Infância , embora aqui a participação e a iniciativa sejam só nossas. 

                                                                                  (...)
                       (...)
Pequenas histórias da vida
                                                 (...)

                                                (...)

                                                                                                 (...)

                                                                                                              (...)



E para ilustrar os versos do avô, a escrita da Violeta





           E com Ariel, a Pequena Sereia

         Vamos ficar por aqui, que o blogue chegou ao fim!





7 comentários:

  1. e prontos ...
    decidiste acabar no fim que é onde normalmente as coisas boas acabam
    as más não têm fim, exceptuando os parafusos...
    acho que quem viveu a vida de trabalho profissionalmente e não considerou isso um emprego, como tu fizeste, apoiada, enquadrada e ás vezes mal tratada(?) no nosso Movimento é assim que tudo acontece. E aconteceu como descreveste. Evoluiu-se sem darmos por isso. Não me preocupa nada o que apareceu entretanto, sempre apareceram coisas, e hão-de continuar a aparecer. A questão do ser moderno, não confundido com o estar na moda, é o grande erro da actualidade, mas já passámos por lá, e eu pelos teus escritos. Acompanhei-te nos congressos, já lá vão em 38, fomos a umas acções de formação e dissemos uma data de disparates... felizmente a maioria inteligentes Sorte a minha!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Gosto de ser tua amiga, gostei de te ter encontrado em cerca de 38 congressos(eu não fui a todos), gostei de ter dito uma data de disparates, inteligentes. Mas sem dizer disparates isto é mais difícil de aguentar.Será que foi por dizermos disparates que fomos evoluindo enquadrados e por vezes mal tratados(?) Acho que não é a palavra certa. Ca..ei Também fui passando pelos teus escritos por vezes revisitados, pelos teus desenhos por algumas fotografias. GRAÇAS À LA VIDA QUE ME DESTE TANTO...

      Eliminar
  2. E vitória vitória acabou a história, apetecia me lê la em livro, ainda pensei que pudesse imprimir. Não posso, linda história, um dia passas para livro. Beijinhos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Vitória vitória acabou a história, amanhã há mais arroz com pardais.
      Beijo grande e parabéns por o comentário não ter desaparecido.

      Eliminar
  3. Não li na integra mas o suficiente para ter ideia que é uma obra reflectida e uma visão do ensino que devia ser tida em conta por decisores. Quem sabe não a revês e tomad balanço para uma publicação? Merecia - estou disponível para te por em contacto com a Maria Esther, gerente da editora ModoCromia que poderia contigo montar um esquema ligeiro que ia permitir levares o teu trabalho a muita gente com interesse na matéria - e um livro é o suporte ideal para o teu conteúdo - terias prazer nesse final feliz para o teu projecto - parabéns. bj. C.

    ResponderEliminar
  4. Obrigada Carlos pela tua disponibilidade, mas por agora não me apetece pegar naquilo outra vez. Beijos

    ResponderEliminar
  5. Que grande, útil e até divertida empreitada!
    E já agora, que bonito foi o registo familiar que fizeste para a encerrar.
    Parabéns, Ana! Até um dia destes.
    Um abraço

    ResponderEliminar